GEAP: permanecer ou sair?
Essa dúvida, nos últimos anos, tem dividido opiniões e, quando se trata de saúde, a análise tem que ser a mais racional possível.
30/08/2016
A GEAP que já foi considerado um plano modelo em gestão e atendimento médico, quando ainda era chamada de “Patronal”, de alguns anos para cá enfrenta uma série de críticas sem precedentes. Seus assistidos sentem que as coisas vão mal quando tem que pagar a mensalidade do plano ou quando precisam de assistência.
O valor mensal que cada assistido paga sempre foi custeado em parte pela União. O plano além de sempre ter tido uma mensalidade altamente competitiva frente a concorrência ainda é pago, em parte, pelo Governo. Isso faz da GEAP o plano de saúde com o melhor custo-benefício existente. O problema é que, com as sucessivas crises, más administrações e intervenções, a GEAP sentiu fortemente os impactos em suas finanças e, consequentemente, seus serviços pioraram consideravelmente. Para resolver o problema a velha lógica de aumentar a arrecadação para tapar furos foi usada. Resultado: os assistidos em menos de 2 anos arcaram com quase 50% de aumento nas mensalidades do plano e pior, sem a sensação de melhora na assistência médica. Logicamente as reclamações foram enormes. Sindicatos e Associações de Classe entraram com ações coletivas contra a Fundação. O clima belicoso entre a GEAP e seus clientes serviu para acirrar os ânimos, principalmente porque a GEAP venceu em todas as instâncias e o abusivo aumento foi mantido.
Grande parte dos servidores federais, que nos mesmos últimos 2 anos, tiveram reajustes menores que a inflação, obviamente, não conseguiram manter o pagamento da GEAP e tiveram que, forçosamente, abandonar o plano. Outros continuam pagando, porém tiveram que cortar alguns serviços e excluir dependentes. Contudo se consideram com um pé fora da GEAP, analisando o que seria melhor: ficar sem assistência médica privada tendo que consultar no SUS ou encontrar um plano mais barato e com os mesmos serviços, que de ante mão se sabe seria praticamente impossível?
Neste momento a análise racional, que leva em conta aspectos técnicos deve ser a única levada em conta. Cada caso deve ser estudado individualmente. Sabemos que as crises são passageiras e alguns pontos devem ser levados em consideração.
Obviamente a GEAP pela sua estrutura, importância e valor histórico não vai fechar.
Se nota entre todas as partes envolvidas uma grande vontade de fortalecê-la.
O valor mensal cobrado, ainda é, sem dúvida, o menor praticado pelos planos de saúde que temos hoje.
Entidades de classe estão lutando para que a participação do Governo no Plano aumente.
Cientes disso tudo, podemos concluir que sair do plano neste momento não seria uma boa ideia. Mas como dissemos antes fatores individuais, locais e histórico de saúde dos assistidos devem ser analisados, bem como as necessidades e prioridades de cada um.
Porém, algumas coisas podemos pontuar:
Caso o valor esteja realmente insuportável e ameaçando a subsistência do usuário, e este goze de boa saúde, o melhor seria sair do plano e guardar em uma poupança metade do valor pago atualmente para ser usado em consultas, exames particulares, possíveis internações, etc., quando se fizesse necessário.
Se o usuário tiver alguma doença crônica realmente sair do plano não seria recomendável, ainda mais morando nas capitais e grandes cidades onde o atendimento via SUS é quase sempre precário e demorado, neste caso , mesmo passando por dificuldades financeiras, a economia teria que ser feita de outra forma, que não fosse no atendimento médico.
Por outro lado, usuários que moram no interior, onde reconhecidamente o atendimento da GEAP é deficiente, devem analisar como está o atendimento do SUS em suas cidades. Geralmente em cidades pequenas o sistema público de saúde é mais organizado e humano. Para usuários que consultam com regularidade buscando apenas prevenção poderia ser uma alternativa razoável.
Contudo, cabe a cada um decidir levando em conta todos os fatores examinados, escolher o que seria melhor para si, e a decisão, infelizmente é a curto prazo.
Para concluir, não há como ignorar que a GEAP necessita com urgência desvincular-se das esferas políticas e tornar sua administração puramente técnica. O aparelhamento partidário que a Fundação foi submetida serviu para torná-la inchada e lenta. Os servidores federais — seus clientes e mantenedores — estão cansados e fartos de sustentar tanto descaso.
Alexandre Rocha
Comunicação AGASAI